Idosos do interior de SP encaram dupla jornada como Mamãe e Papai Noel em busca de 2ª fonte de renda: ‘Profissão mágica’
08/12/2024
O g1 conversou com quatro profissionais do Vale do Paraíba que vivem o desafio de levar o espírito natalino para crianças e adultos em shoppings da região. Para eles, além de ser uma experiência transformadora, ao levar alegria e esperança para o próximo, a ocupação é também uma segunda fonte de renda. De professor a vendedor, idosos do interior de SP encaram dupla jornada como ‘Mamãe e Papai Noel’ em busca de 2ª fonte de renda: ‘Profissão mágica’
Divulgação
No mês de dezembro, o Brasil ganha inúmeros Papais e Mamães Noéis, que em comércios, shoppings e praças tentam levar a magia do Natal para crianças e adultos. Apesar da aparência similar, por trás dos cabelos brancos e da típica roupa vermelha dos personagens, cada profissional tem uma história diferente do que os motiva a viver essa ocupação tida como mágica.
Uma segunda fonte de renda e a possibilidade de levar alegria para o próximo estão entre as principais respostas do que incentiva os idosos a viverem esse desafio.
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O g1 conversou com quatro Papais e Mamães Noéis do Vale do Paraíba, que falaram sobre como tem sido encarar uma dupla jornada, com a missão de levar o espírito natalino para centenas de pessoas diariamente. Confira:
Jaci é Mamãe Noel em São José dos Campos.
Divulgação/Vale Sul Shopping
Símbolo de esperança
Jaci Paulino de Souza, de 52 anos, de São José dos Campos, é uma empreendedora. Mulher negra, ela já passou por diversas profissões, até que abriu o próprio negócio: uma loja que vende artigos afros de confecção própria.
A jornada dela de empreendedora à Mamãe Noel foi em um momento de muita dor. Jaci conta que havia ficado viúva há poucos meses, enfrentando uma fase difícil do luto, quando surgiu o convite para ser Mamãe Noel.
Para ela, a experiência tem sido transformadora e a ajudou a ressignificar a própria vida, ao levar luz e esperança para o próximo.
“Ser uma mãe Noel é algo assim maravilhoso, né? Tinha só cinco ou seis meses que eu tinha perdido o meu marido e veio esse convite. E isso, para mim, foi muito maravilhoso. Foi algo assim inexplicável. Eu falo que foi Deus, né? Essa profissão me reacendeu uma chama de amor, sabe?”, contou.
“Foi o melhor presente que eu poderia ter e que esse ano continua sendo, está sendo muito bom. Eu estou me reinventando, sendo uma nova mulher a cada dia. Eu estou vivendo um dia de cada vez, porque o luto continua, né? Mas é agora de um jeito mais leve, mais suave”, narrou.
Para Jaci, mais do que uma segunda renda, poder exercer o papel de Mamãe Noel é um gesto de amor ao próximo. Ela se sente feliz ao levar alegria para crianças e adultos e em contrapartida é acolhida pelo público no Vale Sul Shopping.
“É algo que mudou muito a minha vida, mudou demais. Me deu muitos ressignificados, né? E eu passo para todas as pessoas que estão perto de mim essa mensagem. Se você está com saudade de alguém, vá, veja essa pessoa, abrace essa pessoa. Passe o dia com essa pessoa, porque o tempo passa muito rápido e a gente só percebe quando a gente perde as pessoas”, ponderou.
“Eu amo ser Mamãe Noel. Me trouxe muita luz ser Mamãe Noel, muita esperança, muito amor. E eu vou aprendendo, é o meu dia a dia, é um dia de cada vez, mas eu estou seguindo. Eu agradeço todos os dias”, completou.
Jaci e Ismael são Mamãe e Papai Noel em São José dos Campos.
Divulgação/Vale Sul Shopping
Mais do que uma profissão
O Ismael, de 69 anos, é um professor aposentado. Ele começou a atuar como Papai Noel em 2019 no Vale Sul Shopping em São José dos Campos. Como homem negro, além de levar a magia do Natal, ele também leva representatividade, assim como a colega Jaci, que atua como Mamãe Noel ao lado dele.
Ismael conta que além de professor, também é escritor e é apaixonado pela literatura. Quando surgiu o convite para atuar como Papai Noel, uma ação de distribuição de livros que era feita no shopping foi determinante para ele aceitar a missão.
Agora, consolidado como Papai Noel, ele conta que a profissão é uma segunda fonte de renda, que ajuda com a aposentadoria, e também uma forma de sentir que está transformando o mundo ao redor dele.
“Sou professor aposentado e, claro, essa bonificação de Papai Noel ajuda bastante na renda familiar. O espírito natalino é um grande transformador de atitude nas pessoas, ficamos mais suscetíveis às relações humanas e eu me sinto muito grato por poder ter esse contato mais íntimo com as famílias e com as crianças, tornando-me parte de suas memórias afetivas”, contou.
“É indescritível. Com certeza não é só um trabalho, tem todo um conjunto de emoções. E experiências fantásticas. Se depender de minha vontade, continuarei a fazer o Papai Noel. Sem contar que é uma tradição que precisa ser preservada”, destacou.
Mário Lúcio da Silva é Papai Noel em Pindamonhangaba.
Divulgação/Shopping Pátio Pinda
40 anos vivendo o personagem
Mário Lúcio da Silva, de 62 anos, mora em Taubaté, mas atua como Papai Noel em Pindamonhangaba, cidade vizinha que também fica no Vale do Paraíba, no Shopping Pátio Pinda.
Mário conta que trabalhou a vida toda como vendedor e que quando tinha apenas 20 anos já encarnou o Papai Noel pela primeira vez, a pedido do patrão e nunca mais parou. Atualmente, ao invés de atuar na loja, ele leva a magia do Natal para um shopping da cidade.
"Desde jovem, sempre fui vendedor, trabalhando em várias empresas ao longo da minha vida. Quando eu tinha apenas 20 anos, trabalhava como vendedor em uma loja e foi lá que um momento especial aconteceu. Meu gerente queria colocar um Papai Noel em volta da loja para as comemorações de Natal, e, para minha surpresa, eu fui escolhido para esse papel”, recorda
“No início, foi uma pressão, mas acabei aceitando e, desde aquele dia, nunca mais parei. E posso dizer, com um sorriso no rosto, que gostei tanto que estou até hoje interpretando esse personagem tão mágico”, afirmou.
Para Mário, a oportunidade é uma segunda fonte de renda, mas é também algo que o faz se sentir realizado, ao ter contato com a pureza das crianças e possibilitar levar alegria para as famílias.
"Sim, é uma segunda fonte de renda, mas minha jornada ainda não chegou ao fim. Ser o Papai Noel me completa de uma forma única. Trabalhar com as crianças é uma experiência inesquecível, elas são puras e verdadeiras. Eu realmente me divirto e me emociono vivendo esse personagem, e posso garantir que, nos próximos anos, estarei de volta, pois é uma alegria ver as crianças crescendo, e esse é o meu presente!", finalizou.
Jony é Papai Noel em São José dos Campos.
Divulgação/Colinas Shopping
De construtor a Papai Noel
Jony Ramos, de 71 anos, é casado e tem dois filhos. Antes de se tornar o Papai Noel no Colinas Shopping em São José dos Campos, ele fez engenharia civil e atuava em diversas áreas da construção civil.
Após a vida nas áreas exatas, ele decidiu seguir seu sonho artístico e fez um curso de teatro, o que o levou a participar de várias produções teatrais e novelas.
“Eu, antes de ser Papai Noel, trabalhei com construção civil, construí prédios e apartamentos. Eu gostava de construir, mas queria construir amigos, amizades, com muito amor e muito carinho, então passei a frequentar um curso para ser ator”, contou.
Estando no meio artístico, um amigo o convidou para interpretar o Papai Noel, e foi nesse momento que Jony descobriu sua verdadeira vocação.
Desde então, ele não apenas desempenha o papel de Papai Noel, mas também continua como ator, participando de diversas produções e eventos.
“Fui para o teatro, fiz várias novelas e peças. Depois que trabalhei muito no teatro, um amigo me convidou para trabalhar como Papai Noel, que seria mais um personagem para eu fazer, mas eu me encantei com a história e a vida do Papai Noel e achei a minha vocação, que era o que eu queria: dar e receber amor”, narrou.
“Eu estou muito satisfeito, quero sempre trabalhar com crianças, adolescentes, jovens, famílias. Com o Papai Noel, todos recebem um beijo de afeto. Amo o que eu faço”, finalizou.
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