Médica que levou bebê de hospital era considerada psicologicamente apta para fila de adoção, diz delegado
07/08/2024
Defesa alega que médica tem transtorno bipolar. Delegado afirma que a indiciada apresentou laudos psicológicos que demonstraram que estava apta para adotar uma criança. Mulher suspeita de raptar bebê horas após o nascimento é presa, em Itumbiara, Goiás
Victoria Ellem/TV Anhanguera
A médica Cláudia Soares, que levou uma bebê de um hospital de Uberlândia para Itumbiara, era considerada psicologicamente apta para fila de adoção, disse o delegado Anderson Pelágio. A defesa alega que ela tem transtorno bipolar e, no momento dos fatos, não tinha capacidade de discernir o que estava fazendo.
“Enquanto articulava o crime, ela procurou a Justiça e se habilitou para o processo de adoção”, detalhou Pelágio.
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Ao g1, a defesa da médica disse que, como o processo está em segredo de Justiça, a única declaração dada é de que independentemente do teor do indiciamento ou até mesmo de eventual denúncia, acredita que a questão será resolvida no procedimento de insanidade da acusada, que está em andamento.
Apta psicologicamente
Segundo o delegado, para Cláudia entrar na fila de adoção, ela apresentou laudos psicológicos que demonstraram que estava apta para adotar uma criança. “O processo foi autorizado pela Justiça [e] os laudos vão contra o que alega a defesa dela. [Mas] ela tem o direito de alegar insanidade mental”, disse Pelágio.
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Falsa gravidez
A Polícia Civil divulgou que Cláudia premeditou o crime há meses e que desde maio deste ano ela divulgava para parentes e amigos que estava grávida, e chegou até a comprar um enxoval de bebê.
O delegado contou ainda que ela conseguiu um documento que mostrava que estava grávida com um biomédico, de forma irregular, com base em um exame de gravidez de farmácia. A polícia concluiu que neste período Cláudia não estava grávida.
Claudia Soares Alves, de 42 anos, é a médica suspeita de raptar um bebê em Uberlândia, Minas Gerais,foi presa em Goiás
Reprodução/Redes Sociais
"O biomédico foi ouvido e disse que já era conhecido dela há anos. Ela ligou para ele, contou que estava grávida após fazer um teste e queria um laudo de exame de sangue como se ela estivesse ido ao laboratório. Daí, ele fez na confiança", contou o delegado.
Crimes
A polícia concluiu que Cláudia entrou no hospital usando um nome falso e com o crachá da universidade onde ela era professora universitária. "Ela teria livre acesso só com base nesse crachá, mas mesmo assim ela usou essa fraude de se passar por pediatra e anunciou um nome que não é dela, era um nome fictício", disse o delegado.
Fotos divulgadas pela Polícia Civil (PC) mostram alguns dos itens - Goiás
Divulgação/Polícia Civil
A investigação disse que antes de Cláudia levar a vítima dos pais, ela chegou a ir até alguns quartos do hospital, mas voltava ao perceber que não havia crianças meninas, que era o que ela desejava. "Ela conseguiu enganar os pais dizendo que iria ministrar o leite dela e a retirou do hospital. Depois disso, ela fugiu para Itumbiara, onde foi presa", contou Anderson.
Anderson explicou que no início do caso, Cláudia foi autuada por sequestro porque a polícia não tinha certeza da finalidade. No caso dela, o delegado explicou que o sequestro foi uma ferramenta que ela utilizou para depois fazer a adoção ilegal, ou seja, foi uma etapa do crime.
Vídeo mostra médica que levou recém-nascida do HC-UFU, em Uberlândia
"Ela sequestrou essa criança, levou para Itumbiara, acolheu essa criança que já configura o crime de tráfico de pessoas, que exige que ela faça esse acolhimento. Além disso, ela utilizou de fraude para entrar no hospital e enganar os pais para levar a recém-nascida. Então, o tráfico de pessoas é um crime mais grave com uma finalidade específica, absorve o crime de sequestro tem restrição de liberdade", disse.
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